segunda-feira, 5 de março de 2012

Primeira pessoa do singular

Após algumas semanas de recesso volto a escrever para o blog e o faço com grande alegria. Durante essas semanas estávamos sem internet em casa e este simples acontecimento corriqueiro me fez refletir sobre a pessoa humana (no sentido amplo da palavra) e sobre sua necessidade de manter-se conectado ao mundo em que vive.
Desde os tempos mais remotos o homem mostrou-se como o principal responsável por sua evolução. Criou inúmeras coisas, recriou, inventou, copiou (...) mas tudo isso em prol de estabelecer uma melhor maneira de se situar e acomodar-se diante da vasta esfera global. É certo que algumas invenções não atenderam as expectativas desejadas, como por exemplo a bomba atômica, que, embora fora criada pelo próprio homem também contribuiu para sua morte e gera ainda o medo de seus reflexos inesperados, fazendo com que milhares de nações se curvem diante do temor interrupto de serem assoladas por este pecado concebido no seio de uma capacidade intelectual extremamente avançada.
Segundo o filósofo Rousseau ''o homem nasce bom e a sociedade o corrompe.'' Ainda que árdua creio que realmente seja isso que acontece; todos nós nascemos vocacionados ao amor e aptos a proporcionar o bem estar comum. Daí surge a figura da sociedade cada vez mais individualista, consumista, egoísta e com tantos outros adjetivos capazes de encher a boca e o pensamento dos críticos mais apurados que nada fazem para solucioná-los. Passamos a ser moldados conforme o gosto e os interesses sociais. Em outras palavras, nos tornamos súditos corrompidos pela imoralidade sem fim.
O exercício do ''pensar em si próprio'' faz com que nos distanciemos cada vez mais de tudo que nos cerca. Como? Passamos a atender apenas nossos interesses criando um mundo onde existe apenas o personagem principal sem espaço para figurantes. Torcemos contra a felicidade e o progresso dos outros, deixando-nos inquietos quando isso acontece. Criamos situações inexistentes, cultivamos a inveja e o rancor, somos impiedosos. Fazemos com que potentes bombas atômicas atinjam e destruam o bem valioso de maior importância de nossos semelhantes, a vida!
A medida em que o tempo passa mudanças ocorrem e consequentemente também acompanhamos este processo de renascimento, se assim me permitem dizer. Chico Buarque fala que "- As pessoas tem medo da mudança. Eu tenho medo que as coisas nunca mudem.'' Confesso que também tenho esse medo, afinal só sabemos o gosto da comida se provarmos dela, experimentarmos o novo.
Surge então o impasse. A alegria de acompanhá-lo é a mística que envolve a grande maioria mas que ao mesmo tempo se faz pequeno diante daquele que se reconhece também pequeno e passa a conjugar seus preceitos e atitudes não mais em primeira pessoa do singular, mas em pluralidade sem nenhum tipo de pudor (...) esta é a vida, que se renova e não busca sentidos para isso. Salve grande vida!