quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Caixa de memórias

Era quase final de noite e eu ainda me encontrava acordado em meu quarto arrumando algumas coisas, separando outras e até mesmo jogando fora aquilo que não mais me servia. Tudo isso pelo simples motivo de ter que organizar minhas malas para voltar a rotina de estudos.
Eram inúmeras folhas de papel, livros, cartas, fotografias e objetos espalhados pelo chão. Algumas coisas muito empoeiradas, também pelo tempo que já estavam guardadas já era de se esperar. A pressa em arrumar tudo aquilo era cada vez maior, pois queria me livrar logo daquela tarefa que na verdade fui quase que obrigado a fazer. Tinha que separar tudo e colocar dentro de caixas para serem guardadas.
De repente uma coisa em meio aquela bagunça me chamou atenção (...) era uma avaliação de história de quando eu estava na 4º série. Comecei a ler aquelas folhas, eu estava aprendendo sobre o feudalismo. Alguns erros de português podiam ser notados, mas isso não era motivo de preocupação naquele momento. Resolvi então parar um pouco e comecei a olhar com calma tudo que ali estava. Várias outras avaliações foram encontradas (entre elas a de matemática, matéria que nunca me simpatizei muito bem); o livro ''O Líquido Verde Folha'' que foi o primeiro livro que li em minha vida estava também ali com a capa meio amassada. Fotografias da minha infância era o que mais tinha (...) até do dia em que coloquei fogo atrás da estante da sala, quando tinha 5 anos de idade. Dos passeios nas tardes de domingo com meus pais. Dos tempos mais recentes, em que os amigos se encontravam todos juntos, época onde a amizade fazia jus ao nome e que hoje em dia por algum motivo banal muitos não se dão tão bem.
De um momento para o outro bateu uma nostalgia. Saudades daquele tempo em que a simplicidade realmente era conhecida e vivenciada todos os dias. Saudades de um tempo que parece ter passado rápido demais e que não têm mais volta. Saudades da professora que era respeitosamente era chamada de ''tia'' na época do colégio.
Mas chegou a hora de guardar todas essas memórias em uma caixa, já estava ficando tarde. Com muito cuidado guardei tudo que ali estava sem me esquecer de nada. Se forem bem guardadas serão sempre preservadas e sei que nada impede que eu possa recordá-las quando quiser. Afinal, a vida de homens e mulheres só pode ser compreendida através de suas memórias.
Em um determinado momento da vida é preciso fazer nossas próprias escolhas. É preciso correr atrás daquilo que nos faz crescer. Mas como já dizia o escritor ''recordar é viver'', o que acham de reservar um tempo de viver para recordar também?
Que as caixas de memórias sirvam de abrigo para as recordações mas que nunca permaneçam fechadas, pois memórias são construções que nunca podem ser totalmente concluídas!